O Romanceiro da Paz

 João Carlos Fontoura

Um novo tema de amor
Ao amor de sempre

Se ainda acreditas
nos poemas de amor que eu decorava
e sempre recitei ao te ver acordar...
Por favor, meu amor, não espere pela aurora,
pelo amanhecer, para regressar e me contar de teus sonhos!
Não deixe para amanhã, se podes começar a voltar agora!

Se, ainda preferes escutar
os antigos clássicos de amor,
ao invés das canções atuais tão superficiais,
por favor, meu amor, volte. Volte o quanto antes!...
... De preferência antes do próximo sol, da alvorada,
enquanto meu coração ainda tem motivos pra bater...
... e, os meus olhos conseguem te ver além da estrada.
Volte! Volte antes que eu também parta para sempre,
levando apenas o teu silêncio
- canção de amor que não foi interpretada.

Se apesar da distância,
ainda costumas deitar pensando em mim
e acordar bem cedo para colher a flor do campo,
para perfumar o vento que vem me despertar...
... por favor, meu amor, não me faça esperar!
Pois já pressinto um aroma especial no ar
- é o cheiro do teu corpo a me embalar!...
Se ainda me amas
da mesma forma que me amavas, antigamente...
Se realmente vais voltar, para que juntos
possamos reinventar um mar azul de sonhos
sob os lençóis brancos de tanto esperar...
Volte! Volte, meu amor,
que as flores do nosso jardim começaram a se abrir
e já temos flores suficientes para perfumar a nossa cama!
Volte, meu amor, o quanto antes! para sempre!...
enquanto ainda tenho motivos
para te amar eternamente.

Algo me diz que em breve
estarás de volta para um novo abraço...
E como é bom reencontrar alguém que, ao abraçar,
é como se a gente encontrasse consigo mesmo!
Pressinto que já estás voltando!...
E essa convicção faz meu coração bater,
me traz paz e motivos para viver mais e mais!

Mas antes do teu retorno
quero que saibas que já não lembro mais
os poemas de amor,
que eu tinha escrito e decorado
para interpretá-los ao te ver chegar...
... não consigo encontrar,
num corpo de guitarra empoeirado,
os clássicos de amor que eu tinha cifrado
para tocar ao te ver voltando à nossa casa...

Já não há essência e muito menos beija-flores
em nosso jardim, enamorado de tua ausência...
Nem pássaros das árvores, nem bem-te-vi ao vento...
E há apenas sonhos brancos em botão
naquele pé de jardim que plantamos e cuidamos,
mas que, nunca mais floresceu, desde que partiste
naquela tarde de outono, até agora tão triste!
Por tudo isso e muito mais
eu te peço que volte, meu amor!
Volte o quanto antes! Preciso te ver...
E a certeza de que vais voltar
já me faz pensar novos poemas de amor,
para recitar em tua chegada...
E, cifrar novos clássicos de amor
para tocar pra ti, ao te ver chegar...

E, tirar o pó do chão para deixar mais leve o ar...
E lavar os lençóis pra te esperar...
E perfumá-los com todas as flores que se possa imaginar...
E guardar a mais bonita delas
para pôr no (teu) cabelo, ao te ver voltar!