GINETEANDO

João Benito Soares

 

Era um domingo bem cedo

Lá pelo mês de Setembro

A data eu nem me lembro

Desta festa tão falada

Era uma linda madrugada

O vento Norte soprava

Ouvi uma voz que falava

Vamos para a gineteada.

 

Logo eu saltei do cepo

Onde eu tomava chimarrão

E fui receber o peão

Que estava perto do tostado.

Me disse: está convidado

Pra gineteada e marcação

Na fazenda do Zé Adão

Te cuida que o gado é bravo.

 

Logo encilhei o zaino

Que esta na estrebaria

E quando clareava o dia

Eu chegava nba fazenda

De relance eu vi uma prenda

Que um olhar me provoca

Me caso com esta chinoca

Mesmo tendo pouca renda.

 

Primeiro as marcações

Depois veio a gineteada

Eu estava numa chuleada

Num zaino macho cabano

Louco pra botar meus panos

Naquele lindo bagual

Pois eu gosto de animal

Quanto mais ele for aragano.

 

Ficou pra mim o zaino macho

De crina solta e comprida

Num relincho de partida

Ele saltou do rodeio

Pra me partir pelo meio,

Ele assim corcoveava

E eu comigo pensava

Que potro que pula feio.

 

Corcoveou uma meia hora

No piquete da fazenda

Aquela bonita prenda

Que me deu aquela olhada

No meio da gineteada

Por ela então passei

Aquela china, convidei

Pra ir pra minha morada.

 

Logo ela topou a proposta

E meu viver foi mudado

Na garupa do tostado

Aquela chinoca, botei,

Duas léguas, viajei

Não esqueço esse momento

A ela fiz um juramento:

Nunca mais te deixarei.

 

Hoje eu tenho ela no rancho

Aquela chinoca morena

Lhes digo, prendinha buena

Que no rancho tem valia

Pois me encheu de alegria

Deu amor ao meu coração

Ela enche o chimarrão

No bater da Ave Maria.