PRECE AO PATRÃO

João Batista de Oliveira Gomes

 

Patrão velho peço licença

Entro de chapéu na mão,

Dobrando o joelho no chão

Eu faço o sinal da cruz,

Em tua frente Jesus

Eu vim fazer meus pedidos,

Sei lá se tenho pecado

Mas espero ser atendido.

 

Mas antes peço perdão

E sei que vais me entender,

A minha maneira de ser

E também os meus defeitos,

Eu sei que não sou perfeito

É que sempre eu fui assim,

Patrão velho me perdoa

E tenha piedade de mim.

 

Meu patrão agora eu te falo

Com bastante humildade,

Veja quanta dificuldade

Se enfrenta nesta vida,

Por esta estrada comprida

Que a gente tem que passar,

Com fé e muita coragem

Estou sempre a caminhar.

 

Pois eu entendo meu Patrão

que Jesus também sofreu,

E por nós ele morreu

Prá nos dar salvação,

Mas dá uma olhada pro João

Que bastante tem lutado,

Sei que ele te acredita

Mas anda meio abichornado.

 

O João é aquele índio velho

Buenacho barbaridade,

Nunca usou falsidade

E não faz mal a ninguém,

Mas estou sabendo que tem

Os que perturbam sua paz,

Mas é recalque que têm

Por não fazer o que ele faz.

 

Mas, Patrão, me dá licença

Pois já dei o meu recado,

E lhe fico muito obrigado

Por ter me dado atenção,

E lhe agradeço numa oração

Que farei ao final do dia,

Pois rezarei um Pai-Nosso

E umas quatro Ave-Maria.

 

E agora bato na marca

Vou dando rédeas ao pingo,

E se eu não voltar domingo

Eu já te peço ó Patrão,

Não vai esquecer do João

E de todos pedidos meus,

Até já vou lhe contar

Que o pobre João, sou eu.