MINHA GAITA COMPANHEIRA

João Batista de Oliveira Gomes

 

Gaita velha companheira

Tu que sempre me acompanha,

Nas festanças da campanha

Fazendo a animação,

Nas tertúlias ao pé do fogo

E nos fandangos de galpão.

 

Foi contigo, ó minha gaita

Que aos poucos fui crescendo,

Até parece que estou vendo

Quando tu me acompanhava,

Os primeiros versos que aprendi

E com orgulho eu declamava.

 

Te digo que tenho orgulho

No teu costado, ó minha gaita,

Até te chamo de baita

Ao te ouvir resmungando,

Encostada no meu peito

Te encolhendo e te espichando.

 

E quantas peleias enfrentamos

Nas andanças pelo pago,

Pra defender-te do índio vago

Eu te enrolava no pala,

Já com o fole cortado

E alguns buracos de bala.

 

O que eu sinto por ti

Pois não sei como se explica,

Tu és a maior relíquia,

Do pensamento não sai,

Andarás sempre comigo

Pois foi presente de meu pai.

 

Ao te abraçar, ó minha gaita

Me sinto num paraíso,

Faço versos de improviso

A minha idéia se expande,

Contigo presa nos braços

Estou abraçando o Rio Grande.