AO PÉ DO FOGO
João Batista de Oliveira Gomes
Ao Pé do Fogo foi o nome
Que apartei como sinuelo,
A tropa é de todo o peão
Que tirei da invernada,
Larguei a tropa na estrada
Na direção do povoado,
Mas ninguém viu o meu gado
Que repontava com emoção,
E ao pé do fogo parei rodeio
Para tomar meu chimarrão.
E repontando esta tropa
Passou-se muitos janeiros,
Vi passar outros tropeiros
Também ao mesmo destino,
Eu, um peão meio teatino,
Que nunca foi apressado,
Com o lenço todo empoeirado
Do pó vermelho da estrada,
E quando a sombra era boa
Dava descanso a boiada.
Ali eu rondava a tropa
Ao pé de um fogo de chão,
Mas era tudo ilusão
A tropa não existia,
Era os versos que escrevia
E repontava com amor,
Embretando no corredor
A minha tropa haragana
Não tinha marca e nem sinal
Pois era tropa orelhana.
Mas depois de muito tempo
Muitos anos de tropeada,
Botei marca registrada
Pois era o que eu queria,
Marquei boi, vaca, novilha
E um lote de terneiro,
E lá no fundo do potreiro
Derrubei todo o alambrado,
Levantei o pingo na rédea
E extraviei todo o meu gado.
O estouro desta tropa
Eu até achei bonito,
Extraviou-se assim de mansito
Um pouco pra cada lado,
Por todo o Rio Grande amado
Em qualquer localidade,
Interior ou na cidade
É o cultivo à tradição,
Nos versos feitos sem luxo
Com a marca deste peão.