NEGRO TUCHA

João Alves Garcia

 

em São José do Ouro

Uma terra mui gaúcha

Conheci o negro Tucha

Tinha dois metros de altura

Corredor de profissão

Se o bicho não fosse bom

Era o dono da parada.

 

Amarrou uma carreira

E o tal Pedro chupeta

Pegou uma égua preta

De dezoito em quadra e meia

Apostou tudo o que tinha

Laço! Arreio! Pelego!

Pois perder praquele negro

Ficava a coisa mais feia.

 

O negrão saltou na cancha

De bombacha arremangada

E gritou: É uma barbada,

Amigos, podem jogar.

Seguiu para o partidos

E o povo em discussão:

-Será que este tição,

O que disse vai provar.

 

O juiz deu a partida

E lá se foi o negrão

Só se via o seu garrão

Relampear na polvadeira

Chegou na frente sozinho

Rindo, fazendo careta

E perguntou ao Chupeta

Se gostou da brincadeira.

 

Respondeu meio nervoso,

...Não gostei, mas fico quieto,

Pra quem pula cinco metros

Proposta não vou fazer,

Se queres ganhar dinheiro

Serviço, tenho pra dar

Mas nunca mais vou falar

Em carreira com você.

 

O negrão era bem guapo

Numa carreira a pé

Pois um matungo qualquer

Era certo que perdia

Ficou louco de contente

Depois da carreira ganha

Encheu a cuca de canha

E se mandou pra Vacaria.