PONTEIOS

Jayme Caetano Braun

 

Na terra do meu país

o rio Uruguay caminha

e vai traçando uma linha

ao cantar dos bentevis,

guardando os velhos perfis

ao longo de tantos anos,

surrado pelos minuanos

sempre liberto e feliz!

 

Falquejo de puro cerno

no garrão continentino,

no verão - de pala fino,

poncho branco no inverno,

cruzando altivo e fraterno

com flores na primavera

que jamais será tapera

porque já nasceu eterno!

 

Rio Grande - que ninguém dobra

e não inverga nem lasca,

nessa imponência de guasca

que dança em baile de cobra,

é contra qualquer manobra

conhecedor do caminho,

amor - respeito e carinho,

se cheguem que tem de sobra!

 

Foi assim desde o passado

quando demarcou fronteira,

desfraldando uma bandeira

como pastor e soldado

no velho pago sagrado

que um outro igual ninguém pare

porque não há quem separe

o que nasceu separado!

 

Libertário do início

nasceu independente,

encarando o sol de frente,

toreando a morte - por vício,

a vincha frontispício

e a chilena no garrão,

sempre de lança na mão

nas horas de sacrifício!

 

Querência que a gente adora

país - país dos países,

matriz - matriz das matrizes

nas madrugadas de outrora,

e o mesmo de sempre agora

que morre mas não se entrega,

amor que ninguém renega,

quem renegar - que vá embora!