MÁGOA DE POSTEIRO

Jayme Caetano Braun

 

Voltei ao rancho,

da querência onde nasci,

vinha ao tranquito,

assobiando uma vaneira,

não vi ramada,

não vi rancho,

nem mangueira,

pensei comigo:

- com certeza me perdi!

 

Campo lavrado,

no lugar que era potreiro,

campo lavrado,

no pelado do rodeio

e o braço erguido

do pedaço dum esteio,

adeus - pra sempre,

do meu rancho de posteiro!

 

Berro de gado,

rincho de potro,

canto de galo,

riso de gente!

tenho passado!

perdi o presente!

beira de povo,

meu tempo é outro!

 

Por que será, meu rancho velho,

te arrancaram,

com terra e tudo,

do meu chão de primavera?

por que será, meu rancho velho,

te negaram,

de ter - ao menos,

o direito a ser tapera?

 

O ronco estranho,

de um trator,

substituindo,

a voz dos pastos,

da ternura e da inocência,

monocultura - apenasmente,

destruindo,

memória e campo

que roubaram da consciência!

eu tenho ganas - que esse maula,

sem respeito,

que fez lavoura

da invernada onde eu vivia,

tente arrancar - a grama verde

de poesia,

deste Rio Grande

que carrego no meu peito!