BARRANCAS DO COSMOS
Jayme Caetano Braun
Da barranca do Oceano,
onde me encontro acampado,
tomando mate salgado,
mais amargo que o pampeano,
mas que, pro índio vaqueano,
tapeia o gosto do sal,
assistente Universal,
do velho mundo redondo,
eu também ouvi o
estrondo
do Cabo Canaveral!
Ouvi na onda hertziana,
acoplada na marina,
e me “clavou” na retina,
mais outra tragédia humana;
o homem também se engana
com seus vôos espaciais,
ele quer saber demais,
desprezando velhos medos,
desconhecem que há segredos
proibidos aos mortais.
Meu cusco
Baio cochila,
mas segue meu raciocínio,
os homens de tirocínio
do mundo, hoje formam fila,
desde o tosador que esquila,
ao cientista que planeja,
mas ninguém, seja quem seja,
mais culto ou analfabeto,
dá vida a um simples inseto,
cria uma flor de carqueja...
É claro, a curiosidade
do homem, aliada à ciência.
de experiência em experiência,
procuram na imencidade
o rancho da divindade,
no cosmos, seja onde for,
indiferentes à horror
que corroa, que destrua,
enquanto qualquer chirua
sabe onde mora o amor...
Um ônibus espacial,
com passagem bem barata!
Mas que sonho tencocrata
algo que pode ser real,
do Cabo Canaveral
até os mistérios do nada.
Uma viagem programada,
quase que com desatino,
na verdade, sem destino
e sem data de chegada.
A gente quase compara,
essa andança nos planetas,
às primitivas carretas,
com seus toldos de taquara;
hoje a nave tapejara
que rebenta e mestilhaços,
apesar de alguns fracassos,
vai prosseguir suas viagens,
através de mil paisagens,
em busca de outros espaços.
Olho o meu cusco, de novo,
e me pergunto, trilhões
de dólares, privações,
de uma galáxia, de um povo,
vale a pena? Promovo,
a pergunta e me repito:
Será que o patrão Bendito
que ao homem dá tanta graça,
vai permitir a devassa
de todo seu infinito?