PAJADA À MULHER

Jadir Oliveira e Paulo de Freitas Mendonça

 

Abro minh'alma cativa

que amanheceu orvalhada,

querendo ser libertada

por esta musa nativa,

deusa guardiã primitiva

do segredo mais fecundo.

Com sentimento profundo,

conforme o tema requer

vamos pajar à mulher,

progenitora do mundo.

 

Este princípio que fitas

num horizonte de sonho

a ele eu me proponho

pois há rimas infinitas.

Com atitudes bonitas

tem a mulher, com certeza,

meiguice, amor, firmeza

e um dom de protetora

seja santa ou pecadora

transcende a própria beleza.

 

Antes mesmo de ser gente

somos dependentes dela

e quando abrimos a goela

para este mundo vivente

é ela quem faz a frente

para apontar o caminho.

É tão grande o seu carinho,

seu seio, tão importante,

como quem diz segue adiante

que eu não te deixo sozinho.

 

Desde a mãe, primeiro amor,

a mulher está presente

no coração inocente

que desabrocha, qual flor.

Depois quando sonhador,

a professora a primeira,

a namorada trigueira

que pra vida dá sentido

e quando amadurecido,

os braços da companheira.

 

Quantos poetas e cantores

descreveram sua beleza

por verem nela a leveza

das asas dos beija-flores,

trazendo coplas de amores

entre sorrisos e prantos.

Desde o paraíso, quantos

de seu ventre já nasceram

e quantos por ela morreram

perdidos por seus encantos.

 

Ela conhece os segredos

que carregamos na alma,

sabe desvendam com calma

todos os nossos enredos,

sabe acalentar os medos

A sua alma é tão pura.

Com sua mão nos segura.

a cada dia que nasce.

Na expressão de sua face,

amor, carinho e ternura.

 

Por ser um simples mortal

não consigo descrevê-la,

pois compará-la a uma estrela

não seria original.

Seu brilho não tem igual,

resplandece eternamente.

Compará-la a uma vertente

ou ao diamante mais raro

é pouco, não o comparo.

Ela é mulher simplesmente.

 

Merece o nosso respeito

e um pedido de perdão

por crimes da inquisição,

o mais brutal preconceito.

Ao negarem seu destino,

desde lá, à atualidade,

estão negando a igualdade

de uma forma desmedida

à geradora da vida

de toda a humanidade.

 

No xucro céu dos cantores

é uma deusa iluminada

que santifica a pajada

na alma dos pajadores.

Traz o perfume das flores

colhidas no paraíso.

No lume do seu sorriso,

arco íris de magia

que vem bebendo poesia

na cacimba do improviso.