O SAL DOS OLHOS

 Gujo Teixeira

 

andei passeando no teu sorriso

e me esqueci de voltar

perdi o rumo da estrada

por me guiar nesse olhar.

quem sabe um dia eu veja

o que o olhar não entende

e descubra do meu jeito

porque teu riso me prende.

 

meus olhos claras vertentes

das coisas que a alma reflete

basta um silêncio de noites

que a saudade se repete.

e faz brotar lentamente

tristezas que a gente tem

mesmo guardadas por dentro

se mostram quando convém.

 

às vezes o sal dos olhos

se a saudade não é pouca

nos mostra um gosto amargo

salgando o doce da boca.

às vezes o sal dos olhos

é uma lágrima sentida

que nos desce pela face

por uma fresta de vida

 

não sei porque esse jeito

essa lágrima no rosto

se por um sorriso apenas

a boca mostra seu gosto.

e tudo muda ao seu tempo

desfaz-se o que era triste

silêncio, depois palavras

e uma alegria que insiste.

 

mesmo sem saber os rumos

que os olhos hão de me dar

quero teu riso de perto

pra aprender a voltar.

e depois saber da vida

o que os meus olhos tem

essa lágrima sentida

pela saudade de alguém!