DE TEATINO A PAYADOR

Estanislau Robalo

 

Quando a alma galponeira

Partiu deixando a querência

Rubiando pra outra existência

num baio ruano estradeiro.

Foi farrear noutro bochincho

ou, talvez, quebrar o curincho

de algum bagual caborteiro

 

Lá na estância de São Pedro

pelos campos do infinito.

Há de ecoar o teu grito

num Sapucai missioneiro

como quem para rodeio.

De pingo alçado no freio

paleteando algum tambeiro.

 

Deixaste um vazio imenso

no Rio Grande teatino

onde vagou sem destino

como um velho campeador

que já nasceu versejando

e se criou improvisando

pra se fazer payador.

 

Escolado no galpão

pras lidas do pastoreio

pealando com devoção

cada pealo que botava

era mu terneiro que tombava

fazendo pedir benção.

 

Assim  viveu gauderiando

tropeando payada e verso

neste Rio Grande universo

pedaço de continente.

Nunca respeitou alambrado

e nos deixou por legado

os versos, como semente.