ASTRO ARAGANO

                            Estanislau Robalo

 

O sol tranqueava solito

pastorejando infinito

na estância grande do céu.

O dia estava bonito

e o astro-rei despacito

cumpria sua missão

de astro caminhador.

A rota ? A mesma de sempre:

A direção do poente.

 

No rastro do sol ficava

um punhado de saudades

e tantos questionamentos.

mas ele, sempre aragano

seguia firme o caminho

pois quem andeja sozinho

não sobra tempo ou motivo

pra questionar as razões

do modo de proceder.

 

No pampa tudo era igual:

a natureza em silêncio;

um pelincho se balançava

no último fio do alambrado.

O gado manso pastando

e um bagual relinchando

no fundo da invernada

reculutando a manada

para puxar um tropel.

 

Na terra a faina era a mesma.

do peão ao capataz;

do patrão ao operário.

A manhã se fez bonita

toda enfeitada de luz.

O céu  vestiu-se de azul

para esperar o momento

do grande acontecimento

da lua encobrir o sol.

 

A lua foi se chegando

que nem china candongueira

se rebolando faceira

fogosa, pedindo freio

rezando pra ser possuída.

Não tem taura que resista

a sedução feminina

Escrapeteia e se empina

mas acaba cabresteando.

 

Quando os astros se abraçaram

o dia se escureceu

as aves buscaram os pousos

e os animais o capão.

A terra entrou em transe

e um cometa apareceu.

Depois do acasalamento

a lua beijou o sol e partiu.

Não sei pra donde!