MOÇA DA CAMPANHA

Dimas Costa

 

Eu sou moça da campanha,

Uso vestido de chita.

Dizem até que sou bonita

Mas eu não sinto vaidade.

Eu sei: na minha rudeza

Talvez não possa igualar

A beleza singular

De uma moça da cidade!

 

Ando assim de pé no chão,

Lidando no meu ranchinho.

Quando levanto cedinho,

Vou correndo pra mangueira!

Ajudo a mãe no curral,

E depois varro o terreiro...

Passo assim o dia inteiro,

Fazendo a lida caseira.

 

A tardinha corro à sanga,

Lavo os pés e lavo o rosto,

E ponho com muito gosto,

No cabelo, linda flor...

Depois eu vou pra porteira

Onde espero, entusiasmada,

A volta da gauchada,

Para ver o seu amor.

 

Ele é peão de lá da estância,

É pobre mas é bonito

Quando retorana, ao tranquito,

Num pingo lindo que tem;

Eu sinto, dentro do peito,

Corcoveando de emoção,

O meu pobre coração,

De tanto que eu quero bem!

 

Ele promete que um dia

Vai levar-me pra um ranchinho

Entre amor e carinho,

Vamos viver, toda a vida.

Mais como a gente padece,

E como custa chegar

O dia de realizar

A promessa prometida!

 

E quando isso se der

Eu vou chorar de contente.

Mas prometo, minha gente,

E juro de coração,

Que se Deus me permitir,

Criarei nesse ranchinho,

Uma porção de piazito

Pra cultuar a tradição!