MENINA SIMPLES

Dimas Costa

 

Menina simples que nasce

Nos confins lá do rincão

Não tem outra ilusão

Que o trabalho de roça

 

Não tem conforto no lar

E brinca sempre solita

Usa vestido de chita,

E mora numa palhoça.

 

Nunca veio pra cidade

Não conhece a evolução

Na luta ganha do ganha pão

um dia de envelhecer

Como uma planta silvestre

Sem retoques, essa menina,

Apenas cumprindo a sina

Nascer, crescer e morrer

 

Eu nasci na cidade

E sinto no coração

Toda sublime emoção

Das coisas lindas de agora

As vezes me acordo triste

Pensando na triste vida

Que leva, longe perdida,

Uma moça lá de fora.

 

E então perguntei a mim mesma,

Recolhida ao pensamento

Pra que o convencimento

Quando se tem a ventura

E reposto ao meu prazer,

Num sentido profundo,

Das diferenças do mundo,

Com essa outra criatura.

E tu irmã de campanha,

Que nem sabe que eu existo

 

Peço por ti a Jesus Cristo,

E digo o que tu não diz,

Se vives só na campanha

E eu tenho um lindo viver

Só Deus poderá dizer

Qual de nós será mais feliz.

 

O mundo é sempre o mundo,

Aqui, ali ou além,

E feliz é só quem tem

Crença, amor e devoção.

 

Por isso lá na campanha

Ou aqui pela cidade,

Só tem felicidade

Quem tem paz no coração.