BOMBA DE CHIMARRÃO

Derly Silva

 

No galpão velho da estância

Ou na casa grande da frente

Onde existir erva e cuia

Chaleira com água quente

Em qualquer canto do pago

Onde existir mate amargo

Garanto que estas presente.

 

És a prenda mais querida

Na roda do chimarrão

Causando ciúmes á cuia

Cada beijo que te dão

O teu beijo tem afago

Simbolizando no pago

Nossa própria tradição.

 

Ponteira com capa de ouro,

Pra melhorar a aparência

Ás vezes falo contigo

Tropeando reminiscências

Parece até que me dizes

Que teu beijo são as raízes

Da cultura da querência.

 

Este teu corpo de prata

Entre meus dedos enleio

Parece o corpo da china

E o anel parece o seio

Cerro de amor e de afago

Da mais linda flor do pago

Com quem sonhando mateio.

 

Esta bomba, meu patrício,

Foi presente de um amigo

E o mate tomada nela

Sinceramente, lhes digo,

Fica muito mais gostoso

Lembra-me o tempo saudoso

De quem mateava comigo.

 

Minha bomba de ouro e prata

Eu peço que me compreenda

Que quem mateava comigo

Não mora mais na fazenda

Por isso quando mateio

No peito formo um seio

De saudades dessa prenda.

 

Talvez mateando com outros

Hoje esteja a prenda aquela

Não mereceu seu carinho

Meu coração sem cancela

Nem que volte aquela ingrata

Na minha bomba de prata

Não tem chimarrão pra ela.

 

Minha bomba, ao cevar a mate,

Eu comparo nossa sina

A erva verde é a esperança

Que ao fim do mate termina

É o que a vida nos reserva

Tu com o amargo da erva

E eu com o desprezo da china.