BEIJO NA GUAMPA

Derli Silva

 

Minha guampa de cachaça

de utilidade tamanha

que trago sempre comigo

nas festanças de campanha.

E quanta china de estampa

beijou a boca da guampa

sorvendo um trago de canha.

 

Da cabeça de um Brazinho

essa guampa foi tirada.

Para depois ser polida

e a capricho remachada.

Se transformando no objeto

do meu uso predileto

em todas as campereadas.

 

Velha relíquia campeira

que eu guardo e cuido bem.

A prenda que bebe nela

adora o gosto que tem.

Eu mentia se negasse

que alguma até pagasse

pra beijar o dono também.

 

Quem quiser que tome um trago

pra depois dar o valor.

Incentiva o gaiteiro

e inspira o trovador.

Consolo de apaixonado

e do guasca acabrunhado

dos manotaços do amor.

 

Eu quando morrer não levo

nem medalha nem troféu.

Levo esta guampa com canha,

bombacha, botas e chapéu.

Não quero cobres no cobre

quero beber com Santo Onofre

na estância grade do céu.