MEU LAÇO

Cyro Gavião

 

Argola presa na ilhapa,

mais onze braças trançadas,

Amigo das campereadas,

do tempo da seguidilha...

Velho troféu Farroupilha!

do pago, tens a lembrança,

simbolizada, na trança

que arremata na presilha.

 

Meu laço de couro cru,

sovado à custa de pealo,

tanto a pé, como a cavalo,

eu te conheço o manejo...

Meu laço, quando te vejo

nas aspas de um touro alçado,

É como houvesse pealado

a prenda do meu desejo.

 

Eu quebro o cacho do pingo

e te penduro pachola;

Debochado, a bate-cola,

nas ancas do meu picaço...

Tenho confiança no braço

quando, no ar, te “penero”...

se espanta até o quero-quero

vendo-te, assim, no espaço.

 

Mais tarde, quando eu morrer,

velho traste de galpão;

ao parar o coração

que tão alegre, hoje, soa

velho laço, guasca à-toa,

eu te quero enrodilhado,

no meu caixão de finado.

fazendo  vez de coroa.