ETERNO ROTEIRO

Arabi Rodrigues

 

Cuê-pucha! Que o tempo passa,

E a gente nem se dá conta!

O tempo que se reponta

Vai “despacito” aumentando!

Troperiando, troperiando,

Pela sombra das paisagens

Por transitórias paragens

Que a vida vai repontando.

 

Às vezes a estrada é linda.

Outras vezes, tem espinhos,

A tropa de um boi sozinho

Vai repontando os tropeiros,

Muitos chamam de janeiros,

Outros chamam primavera,

Florindo as mesmas taperas

Nos instantes derradeiros!

 

Segue o tempo nos puxando

Até cruzar a forquilha:

Laço cheio de rodilha

Que a velhice nos maneia.

Um dos tropeiros, apeia,

E fica chairando a faca,

Fogo grande na barraca

A eternidade clareia.

 

Vai assim passando o tempo

E a gente nem se dá conta.

O tempo que se reponta

Vai “despacito” aumentando,

Tropereando, tropereando.

Até recostar na cerca

Mas p’ra que nada se perca

Há outra vida esperando!