DESENGANO
Apparício Silva Rillo
Ah, china maula!
No dia em que te trouxe pro
meu rancho
engarupada na anca do picaço,
eu pensei que o destino, finalmente,
me pagava na mesa, em redoblona,
os anos de amargura que me dera.
Não era primavera...
Mas em cada macega do caminho
eu enxergava uma flor que se curvava
ao esplendor da "flor" que eu carregava
na anca do picaço, junto a mim...
Mala suerte!
O verde de teus olhos
- que eu julgava
fosse o verde de minhas esperanças -
era o verde fatal das águas mansas,
da enganosa aparência dos peraus.
E o meu sonho de amor, doido,
afogou-se
no mentiroso remanso de teus olhos,
como se afogam - nas lagoas fundas,
as flores mortas dos maracujás...