BOIZITO COLORADO

Apparício Silva Rillo

 

Eta, boizito matreiro

esse boizito de pêlo colorado

que não tem parador!

Não há, que eu saiba,

nenhum aramado

que ele não tenha rompido alguma vez.

 

Anoitece pastando,

parece que muito aquerenciado.

Mas qual!

Quando a manhã despe o poncho da

noite

de sobre o lombo acocado das coxilhas,

o sol já não encontra no potreiro

esse boizito de pêlo colorado,

- danado de matreiro!

 

Quando muito,

no capim branquicento das geadas

um peão mais vivo encontra

meia dúzia de pegadas,

 

Mal comparando,

a Felicidade é um boizito colorado

- danado de matreiro! -

que em nosso coração se aquerencia.

 

Fica no mais um tempão...

 

Até que um dia,

foge o boizito deixando vazia

a invernada de nosso coração!

 

Boizito inquieto, essa Felicidade,

que só deixa o rastro vivo da saudade

na grama seca da recordação!