Milagre de Amor

Alceu Wamosy

 

À viva luz da forja, ao conto alto da incude,
Vêde-o: um tipo viril, musculoso e possante;
Brilha-lhe o sol do olhar, e o peito de gigante,
É taurino e brutal, exuberante e rude.

 

Espécime ideal de força e juventude.
O ferro dobra e torce e quebra e amolga. Diante
Dos seus pulsos, o bronze hierático e cantante,
Faz-se dúctil. Seu corpo é um hino de saúde.

 

Desde que a aurora nasce, ei-lo, o bruto, ao trabalho,
Entre o fogo da forja e as vibrações do malho,
Majestoso e robusto, atlético e sereno.

 

Mas, quando a noite cai, ele, que vence tudo,
No seu ninho de amor, curva-se humilde e mudo,
Da mão de uma mulher, ao delicado aceno...