CARTA A UMA AMIGA QUE SE FOI
Albeni
Carmo de Oliveira
Como vais
querida amiga
Nesta tua nova morada?
Aqui eu sigo a jornada
Envelhecendo e cansado,
Pois o tempo tem passado
Sem que eu sinta
ele passar,
Só me resta recordar
O que passei ao teu lado.
Minha amiga eu sinto a falta
Do teu riso de alegria,
Daquela tua simpatia
Que a tantos contagiava.
Pois eu jamais esperava
Esta rápida partida,
Te foste amiga querida
Para uma nova morada.
Quem sabe nesta morada
Para onde foste amiga,
Não existe inveja ou briga
Coisa que aqui detestavas.
Me lembro quando falavas
Nas injustiças cometidas,
Sagas que abriam feridas
E tu sempre criticavas.
Talvez aí minha amiga
Possas enxergar bem mais...
Que os homens, estes animais
Ao invés de semearem o amor,
Às vezes dão mais valor
Para o luxo e a vaidade,
Esquecendo que a maldade
É sinônimo de dor.
Mas deixa
eu dar-te notícias
Dos que por aqui ficaram;
Quando partiste choraram
E falta que tu farias,
Os teus tios e tuas tias
Seguido lembram de ti,
E um outro dia eu vi
Teus amigos e as gurias.
Teus irmãos e tuas manas
E os avós lembram da neta.
Tu eras a predileta
Devido à tua criação,
No centro de Tradição
Tu serás sempre lembrada,
Como uma flor bem plantada
No jardim do coração.
Eu sigo escrevendo versos
Mas já não sou o que era,
Só não viro uma tapera
Destas de beira de estrada,
Porque minha prenda amada
Me deu amparo na vida,
E às vezes me convida
P'ra
dançar numa invernada.
Ali te vejo dançando
No meio das outras prendas,
Toda enfeitada de rendas
Com um belo e franco sorriso.
Pois sei que tinhas juízo
Não esqueceste os
companheiros,
E honrarás teu
"Tropeiros"
Dançando no paraíso.
Pois embora hoje distante
Tu estás muito presente,
E teu sorriso inocente
Nos dá força e mais vontade,
De mostrar para a humanidade
Nossa força, nossa união,
E quem vive a tradição
Viverá na eternidade.
Por isso me dá uma força
Para teus irmãos eu criar,
E também me orgulhar
Como me orgulho de ti.
Esta carta eu escrevi
Com um sincero desejo,
Que tu recebas um beijo
Dos que ficaram aqui.